Respire fundo.
Talvez você esteja lendo esse texto justamente num momento de estresse. Talvez o dia esteja corrido, a mente agitada, o corpo cansado. E tudo o que você queria agora era um abraço, um alívio, uma pausa.
Eu te entendo.
Já me vi tantas vezes no limite — querendo ser forte, resolvendo mil coisas ao mesmo tempo, tentando manter o controle enquanto por dentro tudo parecia prestes a desabar. Já chorei no banheiro no meio do expediente. Já tremi diante de decisões difíceis. Já perdi o sono, o apetite, a clareza.
Foi na busca por manter a calma em meio ao caos que comecei a reconstruir minha relação com o estresse. E quero te contar, com verdade e com alma, o que aprendi ao longo do caminho.
O estresse como pedido de atenção
O estresse, por mais desconfortável que seja, não é o inimigo. Ele é um sinal. Um alerta do corpo, da mente e da alma de que algo está demais: estímulo demais, cobrança demais, silêncio de menos.
Quando escutamos esse sinal com presença, podemos agir com sabedoria. Mas quando ignoramos, reagimos no impulso — e é aí que os conflitos aumentam, o corpo adoece, a mente se perde.
Manter a calma não é ignorar o estresse. É acolher o que ele quer dizer.
Entendendo como o corpo reage
Quando estamos estressados, o corpo entra em estado de alerta. A respiração acelera, o coração dispara, os músculos tensionam. Isso é natural: é o modo sobrevivência ativado. Mas se esse estado se prolonga por dias, semanas, meses… algo se rompe por dentro.
Por isso, aprender a reconhecer os sinais físicos é essencial. O corpo fala:
- Dor de cabeça constante
- Irritação sem motivo claro
- Dificuldade para dormir
- Ansiedade no peito
- Falta de paciência
Esses sinais não são fraqueza. São pedidos de pausa.
O que me ajudou a reencontrar a calma
Quero compartilhar com você algumas práticas simples — mas profundamente transformadoras — que me ajudam a manter a calma mesmo quando a vida aperta.
1. Respiração consciente: a âncora no meio da tempestade
Quando tudo está caótico, a primeira coisa que faço é parar e respirar.
Três respirações lentas e profundas. Inspirando pelo nariz. Expirando pela boca. Fechando os olhos, se possível.
É impressionante como algo tão simples pode mudar o rumo de um momento. A respiração me traz de volta para o presente. Para o corpo. Para mim.
2. Nomear o que estou sentindo
Às vezes, o estresse é uma mistura de emoções que não conseguimos identificar. Eu me pergunto:
“O que exatamente estou sentindo agora?”
Pode ser frustração, medo, culpa, sobrecarga. Quando nomeamos a emoção, ela se organiza dentro de nós. E fica mais fácil lidar com ela.
Escrevo. Digo em voz alta. Às vezes só penso. Mas reconhecer o que sinto me impede de explodir sem entender o porquê.
3. Tirar um tempo para o corpo descarregar
Estresse é energia acumulada. O corpo precisa liberar.
Pode ser:
- Uma caminhada sem pressa
- Uma dança intuitiva na sala
- Alongamentos no fim do dia
- Chorar no chuveiro
- Gritar no travesseiro (sim, já fiz isso)
O corpo guarda o que a mente não consegue processar. Dar espaço para essa descarga emocional é terapêutico.
4. Cuidar do ambiente ao redor
Quando estou estressada, procuro cuidar do meu espaço. Abro a janela, acendo uma vela, coloco uma música suave. Às vezes, apenas lavar a louça com presença já me ajuda a acalmar.
O ambiente tem poder. E quando ele acolhe, o coração respira melhor.
5. Ser honesta com meus limites
Muitos dos meus momentos de estresse vieram de algo simples: exigir de mim mais do que eu podia dar.
Aprender a dizer “não”, pedir ajuda, reorganizar prioridades — tudo isso se tornou parte do meu cuidado comigo mesma. Nem sempre é fácil. Mas é libertador.
6. Praticar silêncio e presença, mesmo por 5 minutos
Silêncio não é ausência de som. É presença sem distração.
Sento. Respiro. Olho pela janela. Desligo o celular. Sinto o que o agora quer me mostrar.
É nesses momentos que minha alma me encontra. E tudo parece voltar pro lugar.
7. Repetir frases que me ancoram
Criei o hábito de repetir mentalmente frases que me acalmam. Meus mantras pessoais:
- “Está tudo bem não dar conta de tudo.”
- “Eu posso respirar e recomeçar.”
- “Não preciso controlar o mundo — só meu próximo passo.”
- “Isso também vai passar.”
Essas palavras são como braços invisíveis que me abraçam por dentro.
Nem sempre consigo. E tudo bem.
Quero ser honesta: nem sempre consigo manter a calma. Às vezes eu choro, fico irritada, fecho a cara. Ainda sou humana. Ainda tenho limites. Mas hoje, me julgo menos por isso.
Hoje, sei que até minha raiva merece acolhimento. Que até meu colapso é um pedido de cuidado. E que manter a calma não é estar sempre tranquila, mas saber voltar para mim quando tudo parece fora do lugar.
O que o estresse me ensinou
O estresse me ensinou que preciso de pausas.
Que posso ser forte e ainda assim precisar de colo.
Que minha paz vale mais do que a pressa.
E que viver com pressa constante não é sinal de produtividade — é sinal de desconexão.
Hoje, quando sinto o corpo endurecer, paro e pergunto:
“O que você precisa agora, minha alma?”
Às vezes é descanso. Às vezes é um abraço. Às vezes é só silêncio.
E aos poucos, vou voltando. Respirando. Cuidando.
Um convite com carinho
Se você sente que está vivendo no limite, se o estresse tem falado mais alto do que sua paz… pare agora. Respire. Feche os olhos por um minuto.
Volte para você.
Escolha um gesto pequeno. Um cuidado. Uma respiração.
E repita isso amanhã. E depois. E sempre que precisar.
Você não precisa ser calma o tempo todo. Mas pode escolher, dia após dia, voltar para sua calma.
Ela mora dentro de você.
Está viva, mesmo sob os ruídos.
E vai te esperar sempre que você decidir se escutar de novo.